sexta-feira, junho 27, 2008

Aproveitando a dica

deixada nos comentários mais abaixo,
uma só palavra:
Táxi.

Cuba em Lisboa

A sensação física mais estranha que alguma vez tive foi quando as portas do aeroporto de La Havana se abriram, depois de quase 12h de voo dentro de um avião gelado, passagem por uma manga e algum tempo de espera no recinto com ar condicionado.
As portas de vidro abriram-se e a única coisa que me ocorreu foi
"Quem é que deixou a chófage ligada?"
Um calor impossível, abafado, percebi os nossos navegadores quando achavam que se estavam a aproximar do inferno, não se podia respirar, o próprio ar queimava.
Mas o melhor, o melhor foi que só consegui começar a suar ao outro dia.
Hoje está assim.

quinta-feira, junho 26, 2008

A polícia foi ao Aleixo

Chegou num punto vermelho, guinchou na travagem, saiu aos pares de caçadeiras e metralhadoras, gritou e correu atrás dos homens que ali estavam
e nós,
que já tínhamos acabado a massa, as pataniscas que eram hamburgueres de vegetais e o arroz doce, desta vez parecia que a comida crescia, acho que foi de haver pouca gente em S. Bento, até deu tempo para confundir dois turistas franceses, uma mãe e o filho adolescente, com "clientes", até que eu percebi que não falavam português e o meu francês saiu fluido, como se nunca tivesse deixado de falar, a École des Roches ainda viva na memória e na língua, queriam manger e procuravam um bar, mostrei-lhes o que havia ali na rua, mas estava tudo fechado, pareceram-me muito receosos, consegui explicar onde era o Mac, numa emergência vale tudo, mostrei-lhes os restaurantes ao fundo da avenida e ainda lhes disse como ir até ao Piolho, vous tournez à gauche, ela elogiou o meu francês e eu contei-lhe porque preciso de praticar, aos perfeitos desconhecidos diz-se tudo, nunca mais os vejo, espero que não se tenham perdido e que tenham umas bonnes vacances como eu lhes desejei,
metemos tudo na carrinha com alguma pressa para o que é nosso costume, demos a camisola caída no chão à senhora que tinha acabado de a tirar dos nossos sacos de roupa, entrámos todos para a carrinha ligeirinhos e eu dei à chave o mais rápido que me foi possível.
E só me foi dito mais tarde que eles tinham armas - eu assim que os vi sair do carro e começar aos berros estava pronta para me ir embora.
Isto perdidos pelo ar antes isqueiros que balas.

A resposta que todos queriam

vai desiludir muito boa gente. Vai, vai.
Pois o homem mais parvo do mundo é um ilustre desconhecido que eu tenho a sorte de conhecer
e digo sorte porque de facto, e ao contrário da teoria popular, não há como compararmo-nos aos piores para nos sentirmos bem connosco, Susaninha no seu melhor estilo, "ai, sou tão boa",
e que, felizmente, muito pouca gente conhece,
digo felizmente porque ele é mesmo parvo e mesmo chato e às vezes há acidentes que envolvem isqueiros perdidos pelo ar e apalpanços no meio do Bairro Alto e convenhamos, gente assim não tem assunto,
e eu até já imagino o teor dos comentários que ele deixaria, se eu por acaso o deixasse comentar.
E quê? O blog é meu.

quarta-feira, junho 25, 2008

Dos sons preferidos

Se me perguntarem qual é a minha música favorita, não sei responder.
Ou então depende da hora do dia, do dia da semana, do mês.
Assim de repente, Hey, João e Maria, Mysteries. Uma salgalhada, portanto.
Mas se me perguntarem qual é o meu som favorito, sei sempre a resposta.
O som da faca a cortar o pão, não tudo seguido, mas aos bocados, a fatia a sair lentamente, mas com energia, com cadência,
porque é o som que me lembra o soprar do fole, a tentar acender o lume, o sopro e o calor a crescer,
esse é o meu som preferido.

terça-feira, junho 24, 2008

e quando o dia amanheceu

o céu estava azul por trás das nuvens que fugiam
a luz acordava as ruas ainda cheias
a música tinha acabado
o chão estava coberto de copos, papéis, martelos e restos de alhos
o sono e a fome misturavam-se e prendiam-nos no passeio
a noite que ali terminava parecia já uma memória distante
e o Porto, o Porto que é tão lindo, o Porto que estava tão bonito,
erguia-se sobre nós.

Canção do santo

S. João, S. João, S. João,
Dá cá um balão
Que o Deco queimou o último
E nem a mecha acendeu
Lá lá lá lá lá

segunda-feira, junho 23, 2008

Resumido

Tanta léria para dizer isto:
Antas, apanhar a baronesa, Piolho.
Chega o grupo das espanholas, filha e afins, practico mi castellano toda la noche, que bien me va.
Armazém do Chá com bolos, má música, pancadas nas mesas, vertigens nas escadas.
Gigi: melhor festa dos últimos tempos, música excelente, o whisky com cola voltou a ser enjoativo.
Parece que não há after's (de jeito) no Porto, é pena...
Mensagem divina: isto são horas de mandar mensagens? Vai mas é dormir, que eu também vou.
Lições de vida: as amigas valem tudo. E as janelas que se fecham trazem portas que se abrem e isso,
isso é o melhor da vida.

A Gigi

é uma querida que dá umas festas altamente.
Principalmente se conheceres o inventor dela e entrares sem pagar, com uma bebida grátis. Não se pode querer mais.
Antes, ir buscar a baronesa mais in das Antas e arredores e ala para o Piolho. Parecia que estavam a dar pão, tanta gente junta, mas não, eram finos. Dados é forçar a expressão, mas os nossos foram quase.
Mais uma vez, conhecimentos. (Foi a noite das borlas, até after...)
Pratico o meu espanhol com as espanholas mais divertidas e non-assuming que conheci até hoje. Não fosse a falta de assunto, tinha hablado toda la noche.
Armazém do Chá - havia bolo e, não fosse a música ser fraca escolha, até se estaria bem.
Mas não sei se volto, bati numa das mesas baixas e tenho uma negra na perna que mete medo. E aquelas escadas... humm, muita escada para tanto fino.
Saímos as três por volta das quatro (mas não foi de propósito) e fomos, a Gigi esperava.
E qual havia de ser a primeira música assim que entrámos no jardim? Pixies, Hey - claro.
E nem sequer tive de pedir.
Só por isso, a Gigi seria imediatamente eleita a melhor festa dos últimos tempos.
Mas não, elas deram-nos mais - as quatro DJ's, legítimas, foram das melhores que tenho visto e dançado nos últimos tempos.
Ok, também ajudou terem um gay jeitosão a dançar no balcão. (Colei, uma coisa parva.)
Encontrei amigas da distribuição, a homónima inocente, a menina da vaselina (esta ainda não contei, pois não?) e a amiga.
Depois cometemos o erro da noite, cheias de vontade de conhecer uma after-hours (ou after, para os amigos) no Porto, fomos ao Maré Alta - maré baixa.
Saímos depois de meia-hora, umas mais furiosas que outras (eu era a apaziguadora, juro!), decidimos insistir na Ribeira.
Discutimos códigos de higiene e segurança, ASAE e afins.
Depois passámos para os partos em casa vs partos no hospital e acabámos, inevitavelmente, na classe médica. Gajas!
Ao fim de 40min na paragem do autocarro começámos a estranhar, até que passou alguém que leu o aviso: por causa de uma corrida qualquer, não havia autocarros hoje de manhã na marginal. Boa!
Juntámo-nos à velhota que nos fazia companhia na espera e fomos de táxi. Só peripécias.
As duas resistentes foram tentar a realeza, eu fui para casa.
Não sem antes comer um panike de chocolate, coisa tão boa, e fumar o último cigarro do maço. (Depois de tanto exercício, o panike nem fez mossa, IR(e)MÃ, descansa...)
A caminho do carro, mensagem divina: minha filha, não saias até às 9h da manhã de domingo, que levas com missa na televisão do café onde tomas o pequeno-almoço ou dás de caras com lojas assustadoramente creepy que vendem pés e braços e mãos de cera.
Arrepio-me ao lado da igreja do meu italiano favorito (a seguir ao outro).
Lição da noite: obviamente, é óptimo ter borlas e ir a sítios divertidos com as amigas, mas o melhor mesmo
é ir com as amigas.
E também: fecha-se uma janela, abre-se uma porta.
Nunca sei o que está do outro lado, no outro dia, no tempo que há-de vir. E isso é bom.

sábado, junho 21, 2008

Sem ordem

Se eu mandasse, havia pelo menos um disco do Chico assim.
Até o fim
João e Maria
Tanto Mar
Cálice
Feijoada Completa
Cotidiano
Valsinha
Futuros Amantes
Pedaço de Mim
Pois é
Trocando em Miúdos
Olê, Olá
E pela minha lei a gente era obrigada a ser feliz.

Hey!

Been trying to meet you
(preparei-me para encontrar certas pessoas)
Hey
(já que não as podia evitar)
Must be a devil between us
(não era preciso, a noite foi passada com apenas as companhias certas)
Or whores in my head
(no Plano B só havia homens)
Whores at the door
(já não ia ao Plano B desde o ano passado)
Whores in my bed
(a música estava assim assim má)
But Hey
(pedi ao DJ da sala sem fumo para pôr Pixies)
Where have you been
(não tinha)
If you go I will surely die
(pedi ao DJ da sala com fumo para pôr Pixies)
We're chained
(não tinha)
Uh said the man to the lady
("A tua amiga é DJ?")
Uh said the lady to the man she adored
("É, vai pôr música a seguir.")
And the whores like a choir
("Que tipo de música?")
Go uh all night
("Pixies, Doors, essas coisas.")
And Mary ain't you tired of this
("Estou apaixonado.")
Uh is the sound
(eu não)
That the mother makes when the baby breaks
(fingi que não era nada comigo, sou DJ, pois, wouldn't give you the time of day if you were the last man on earth)
We're chained
(fomos embora, convenci-a a irmos no meu carro, "Tenho Pixies!", tomámos o pequeno-almoço e aterrámos em casa dela - há muito que não me divertia assim)

sexta-feira, junho 20, 2008

Parem as buscas, encontrei-o!

Não, não é o Abominável Homem das Neves.
Também não é o Monstro Ness, não.
É o homem mais parvo do mundo.
You can all go home now, thank you very much.

Na terça decidi deixar de fumar

Mas depois, ou porque não tinha tabaco, ou porque saí à noite, ou ainda porque me esqueci,
voltei a comprar.
Hoje acordei cedo, preparei um prato de ananás e melancia partidos aos cubinhos e comi-os toda satisfeita com a minha opção saudável.
E agora só penso em ir fazer café e fumar um cigarro.
Ainda não é desta.

Enttäuschung / Bestätigung

Não, pensei que conseguia, mas não.
Enquanto procurava as palavras pretendidas para o título e pensava na ideia por trás do post ainda me convenci que sim, consigo falar disto, é só...
Não, nem isso consigo dizer.
Já sei que coiso e o país e valores mais altos e tal, mas 'bá lá ver, agora é que é mesmo para deitarmos tudo para o galheiro e entrarmos numa de suicídio colectivo. Oops, I said it.
Não sei o que me exaspera mais nas pessoas que ontem à noite simplesmente ignoraram a hora e meia mais sofrida deste país dos últimos tempos: se o facto de ainda por cima gozarem com os tristes (que somos nós, os outros), muitos deles armados em senhores da verdade e consciência patriótica; se o facto de hoje ser para eles um dia normal, ainda por cima sexta-feira, fim-de-semana à porta, e a inveja que isso provoca em mim.
Digo só isto: vi o dito (não sai, não sai) num restaurante, festa de anos com jantar e lugares marcados para o visionamento incluídos, gritei tanto que fiquei rouca, levantei-me nos... nisso, como nunca tinha feito, sofri e puxei pelo músculo cardíaco como só em certas ocasiões me aconteceu... espera, aí não se sofre... errr... adiante.
E agora eu pergunto: uma desgraça nunca vem só? Ou não se pode ter tudo?
A ver vamos.

Sem bairrismos,

mas com verdade:
Os homens no Porto são mais bonitos.
E sim, é uma beleza diferente dos homens em Lisboa.
There, I said it.

quinta-feira, junho 19, 2008

Média

Tenho uma correcção a fazer ao post anterior, antes que me caiam em cima.
Seis, são seis semanas, ontem foi a sexta vez e não a quinta.
Divido mil por azul, ou seja, faço a média entre as vezes e o dia da semana: dá cinco.
Quinta.

Quinta

Acordo muito depois da hora marcada, não sei o que se passou, ouvi o despertador e continuei a dormir, estou muito, muito atrasada, temo já não haver comida por minha causa.
Ponho-me a caminho, apanho os documentos e o carimbo no restaurante, mais a chave da carrinha, vou para Perafita.
Puxo por ela, meto a quinta. A condizer com as semanas.
Chego. Ainda há comida - o alívio.
Espero e quando chega a minha vez assusto-me. Dez caixas de 6L de leite cada? Dez caixas de 12 latas de sumo?
Carrego tudo para dentro da carrinha, incluindo as 12 garrafas de água mineral que não vamos usar para nada... Talvez diluir os sumos naturais.
Volto para os frescos. Seis caixas de mangas, três de tomate. O aspecto não é animador, mas de certeza que se aproveita muita coisa. Da manga, principalmente, porque enganadora como é, as firmes são más e as moles são as melhores.
E saborosas, que eu provei mais tarde.
Dez quilos de mostarda. Ora aí está uma coisa sempre necessária, mas a cavalo dado...
Mais tarde engendramos um plano de trocar as mostardas por farturas no arraial de S. João já montado à frente da Cadeia da Relação, mas a máxima do Banco Alimentar, "Recebestes de graça, dai de graça", talvez não dê para esticar tanto...
Volto, tiro os frescos da carrinha e deixo o resto para mais logo, quando tiver ajuda.
Chego pela segunda vez no mesmo dia ao restaurante, por volta das sete. Já há muita gente a ajudar, estão a descascar mangas.
Joana pega na carrinha, descarrega tudo com a ajuda de mais três pessoas, Joana volta a estacionar a carrinha.
Vamos às mangas. Boas, boas, e tantas que deixamos uma caixa para a dona do restaurante, a que diz que não é dona, é funcionária - mulher do dono, é a mesma coisa.
Depois chegam mais dois ajudantes e aí dá-se o drama.
Joana, que até agora se estava a portar bem, sim, chegou atrasadíssima de manhã, mas cumpriu a tarefa sem azar de maior, impediu o esparguete para a bolonhesa de cozer demais, lavou a louça que se foi amontoando, Joana decide encher a garrafa de detergente que entretanto estava no fim. Joana devia ter perguntado, mas achou que sabia, que é a pior das confianças, Joana pega e põe detergente já diluído na garrafa.
Aquilo queima. Companheiro de lavagem também se queixa, mas como é homem, aguenta.
Joana por acaso é mulher e mariquinhas, além de que tem uma ferida na mão (para não falar dos arranhões nos pulsos e braços da visitinha ao Banco Alimentar), e não aguenta. Joana começa a suspeitar que algo se passa. Questiona a dona, ouve sermão: era detergente da máquina, cáustico e corrosivo, a própria dona só lhe mexe com luvas.
Ponto para a Joana.
Mal corrigido, mas ainda a ouvir da dona (porque aquilo é caríssimo, porque agora não se pode pôr de volta no garrafão porque a inteligente o diluiu, porque, porque, porque), Joana tenta passar despercebida e não fazer mais nada, a ver se sai dali viva.
E conseguiu? Era bom, não era?
Pois a Joana foi jantar de avental vestido para não se sujar com o molho da massa e foi mais uma infracção para o livro.
Acredito honestamente que ontem estive a isto de ser despedida. De um voluntariado, no less!
Felizmente a condução da carrinha está cada vez melhor, aperfeiçoada que foi logo pela manhã a 100km/h na A28, e não fosse ter transportado seis pessoas num banco de três, infracção nenhuma teria sido cometida.
E os sem-abrigo? Estavam chatos como tudo, reclamaram da massa, amuaram com o racionamento da aletria, não gostaram do batido de manga, chatearam-se connosco por causa dos sacos da roupa. Haja paciência!
Tudo para dizer isto. Ontem o novato do dia perguntou-me se não nos faz impressão. Distraída que eu estava com o separar dos pratos, não percebi. "O quê?", ainda perguntei.
"Isto... As pessoas.", disse ele.
Aí lembrei-me da minha primeira vez e tive que dizer que sim, faz muita impressão, a primeira vez é sempre muito forte.
Depois começas a vê-los como pessoas, deixam de ser a fome que trazem, a tristeza nos olhos, às vezes a sujidade nas mãos, e passam a ser pessoas. Têm nomes e histórias e às vezes são chatos e mesmo mal-agradecidos. Como as pessoas todas.
A carrinha não tem sexta, mas eu tenho.
Volto, claro.

Cubismo

Best things in life are free.

terça-feira, junho 17, 2008

A um mês de fazer 28 anos

visto uma saia do tempo do liceu e serve-me.
A conclusão? Que roupa feia eu tinha no liceu!

Acabadinha de atribuir

a tarefa de ir amanhã ao Banco Alimentar.
Eu bem digo que qualquer dia sou motorista profissional da carrinha do Food.
Let's go!

Boas notícias para o mundo da terapia

E talvez só ela e o J. saibam apreciar a importância deste comunicado, mas ainda assim...
No domingo entrei numa loja de decoração e coisas para casa e tive muita vontade de comprar o tapete debruado a verde, os guardanapos cor de tijolo, combinar os laranjas, os verdes e os pretos e ter o meu espaço.
Desde Outubro passado que essa vontade estava morta, agora voltou.
Já tenho um plano.

No domingo

fomos a Viana. (Viana é Amor.)
Almoçámos com a Titi e a prima-irmã à beira-rio. (Como se fôssemos apanhar o ferry para a praia, corre, estamos atrasados.)
Chovia muito, muito, fomos a pé. (Mas a beleza da cidade estava lá, não faz mal chover porque agora tudo me lembra Viana, o sol no terraço, o calor bom do fim de dia, as pombas a cantar, as gaivotas a passar.)
Depois café no Zé Natário, tantos anos e o empregado é o mesmo. (E o homem a levar a chávena à boca já funciona outra vez, embora me tenha esquecido de olhar para ele. Noites e noites sem fim, brincar no passeio e o fascínio pelo homem que bebia chávenas e chávenas intermináveis de café. Estávamos todos, eu sei que não éramos uma família perfeita e se calhar nem sequer feliz, mas estávamos todos e com "todos" quero dizer nós os seis e eles os três.)
Depois parou de chover e fomos dar o giro obrigatório, Praça da República, descer até ao jardim (não me perguntem o nome, só sei que era bem maior quando eu era pequena e comíamos gelados nos baloiços e eu acabava sempre o gelado da prima pequena porque era sempre gelado a mais para ela, feiras do livro, corridas, algodão-doce, antes das obras o jardim não tinha fim).
Passear pela cidade quase deserta e chuvosa de um domingo de Junho podia ser deprimente, a mudança e a perda do que já foi, mas não é. (O manequim assustador que espreita da janela em frente à igreja de S. Domingos continua lá, o mistério ainda por desvendar. Eu gosto das coisas assim.)
Viana é tudo o que é bom, nos livros e nas histórias, no calor deste início de Verão, em tantos sons e músicas, para mim é sempre Viana, sempre, a imaginação troca as divisões da casa, a casa onde os meus pais viviam quando casaram e onde tiveram as minhas irmãs, a casa onde eu também praticamente cresci todos os verões da minha infância e adolescência, era nessa casa que se passava o primeiro conto que escrevi, os bonecos e brinquedos que à noite ganhavam vida, tinha onze anos e foi a pensar em Viana que me surgiu a inspiração.
Se Viana também tem coisas más? Claro que tem, muitas memórias más, muitas tristezas e muitas dores. Mas que vida ou pessoa tem só coisas boas?
Viana é tudo, mas é mais bom que mau.

Uns partem, outros voltam

A Mana foi embora ontem a horas indignas. Poupei-a da baba e ranho, talvez por ter tanto sono.
Ao fim do dia já sentia a falta dela.
A filha chegou hoje de manhã, foi directa para o trabalho. Liga-me depois do jantar.
É quase como se nunca tivesse ido embora.

domingo, junho 15, 2008

Hoje percebi

o meu Pai não volta.

sábado, junho 14, 2008

Percorro a A1 a meio da noite

e nos 300km que carrego no acelerador, percorro a minha vida dos últimos meses.
Tomo decisões, imagino o futuro, lembro-me das coisas passadas.
E os Pixies, Here Comes Your Man, a levarem-me para Vila Real, a Rythmin apinhada, as amigas todas a dançar comigo, a despreocupação e a vida imperfeita, mas ainda assim, feliz.
As memórias são boas porque são a prova de que podemos ser felizes,
agora se calhar de maneira diferente,
mas podemos sempre voltar à felicidade.

quinta-feira, junho 12, 2008

Vou à distribuição depois do jogo

porque sei que há pouca gente
porque a filha-cozinheira-chefe não está cá
e porque sei que é quando apetece menos que se deve insistir.
Encontro o poço fundo, dá-me preservativos. Devia começar a chamar-lhe mãe, nunca ninguém cuidou assim da minha saúde sexual.
Não é que tenha ido lá fazer muito, mas fui a motorista de serviço. Começo a habituar-me à carrinha e qualquer dia já meto a quarta.
Saímos cedo, ainda de dia, está calor e jantamos em S. Bento, o pão frito era óptimo.
Depois seguimos só as quatro mulheres para o Carregal, muitas queixas por não termos aparecido na semana passada - fomos directos para o Aleixo, o que prova que para cada vantagem na vida, há uma desvantagem correspondente, qual lei acção-reacção.
Estava uma noite muito boa, boa, boa, boa, como tantos fizeram questão de nos dizer - são uns assanhados, é o que é.
Reporto à filha que, sem eu saber, está em Berlim, distribuição assegurada, tudo controlado.
Liga-me. Está a adorar Berlim, ficou contente por saber de nós cá, as férias estão a ser boas.
Sei nesse momento, apesar de já saber há muitos dias,
tenho saudades dela.
Estou ansiosa para que volte, ao mesmo tempo que quero que goze bem as férias.
(Sei também que não tenho saudades dela.)

domingo, junho 08, 2008

Notícias condensadas

Que a selecção ganhou ontem por dois golos à Turquia não é notícia para ninguém.
Nova é que eu me interesse por ela, mesmo sem o Figo, o Rui Costa, o Maniche.
Sim, sou futeboleira de Euros e Mundiais, de que é que estavam à espera?
Na quarta fui finalmente ao Aleixo, foi... o que foi. Parece que me faltam as palavras, mas não, elas estão cá. Não me apetece dizê-las.
Agora toda a família sabe que fumo. Eu dispensava bem dar esse desgosto à minha Mãe, mas pelos vistos ando a esquecer-me de contar muitas coisas a muita gente.
Hoje fomos a Serralves com os primos da família grande e eu adoro estes primos, é estranho não estarmos mais tempo juntos e, no entanto, todos sentimos o mesmo, eu sei, que amanhã vamos lá jantar, dois dos primos "pequenos", entre aspas porque eles estão enormes, maiores do que eu, sei que estou velha quando é a única coisa que consigo dizer, dois deles, dizia, foram meus durante tanto tempo, tanta fralda mudada, tanta papa dada, tantas visitas à casa-de-banho, a fofa mais fofa a repetir as tolices que eu lhe ensinava,
fomos a Serralves e eu tive de recontar os últimos episódios da minha vida,
quando se começa a namorar não se fala noutra coisa, por isso se calhar é normal que quando se acaba, não se fale de outro assunto.
É chato, é chato, é chato.
Faz-me lembrar das razões.
E as cenas dos próximos episódios?

sábado, junho 07, 2008

É isto ser adulto?

Sair com os irmãos todos, a irmandade junta,
e falar do divórcio mal amanhado dos pais, conter o choro porque as coisas não se fazem assim, como vamos protegê-la, saímos os quatro, 4, o melhor número que há, eu adoro-os a todos, queria que isto fosse uma altura boa, divertir-me com eles, melhor companhia que há,
mas a crise também une, quero estar sempre com eles, são a minha casa, a minha família, adoro-os e sei que vão estar sempre comigo, sempre, isto, como tudo o resto, shall pass.
Já disse que sem eles a minha vida não era a minha vida?
Sem eles a minha vida já tinha acabado.

sexta-feira, junho 06, 2008

Não estou grávida,

pelo que a única explicação para este desejo súbito de comer tomate, tomate maduro com sal e azeite, tomate coração de boi com muito azeite e pão de Trás-os-Montes, comer tomate como se fosse entrada, prato principal e sobremesa,
este desejo só pode ser explicado pela chegada do calor
e pelas memórias que o bom tomate bem temperado desperta em mim.
Era verão, estava calor e o jantar estava pronto na mesa grande da casa mais bonita da aldeia
e enquanto os adultos não chegavam, eu comi quase toda a salada de tomate que havia na mesa, bem regado de azeite e com muito pão da minha avó.
Por muito bom que seja o tomate que agora como,
nunca mais encontrei aquele sabor.

quinta-feira, junho 05, 2008

Agora não me apetece contar

várias coisas dos últimos tempos,
por isso venho só dizer
amanhã chega a Mana.

terça-feira, junho 03, 2008

Jornal 2, ontem à noite

fala-se da exposição mundial de Zaragoza, Expo2008.
Entrevistam pessoas na rua e gramamos com os nuestros hermanos sem legendas ou dobragem.
Now, eu até entendo espanhol e safo-me bastante bem, confesso, ou não fosse eu do planalto trasmontano, quase fronteira com Espanha, em que a TVE se apanhava melhor do que os canais portugueses, mas
caraças!
é uma língua diferente!
Pronto, era só isto. Vão para dentro.
Eu vou sair para fora.
Vou por ali, que deixei ali a pick-up...

segunda-feira, junho 02, 2008

Insónia matinal

Durmo mal e pouco e acordo às 8h exausta. Tento dormir mais, sem sucesso.
Decido tomar o pequeno-almoço em frente à televisão, bonecada.
Depois de uma explicação sobre a separação do lixo e reciclagem, canta-se uma música cujo refrão é "Lixo, lixo, onde pô-lo".
Ignorando o facto de me apetecer cantar "whisky puro, vodka, vodka", olho melhor para os bonecos e só me ocorre
que bonecos tão feios são estes?
E porque é que cantam tão mal?
Que é feito d'Os amigos de Gaspar?
E o Mickey, já não trabalha?

domingo, junho 01, 2008

Tivesse eu tido tempo ontem

pelo meio de acordar quase como me deitei, correr como louca para comprar meias, tomar banho, comer qualquer coisa, eu precisava de pôr qualquer coisa no estômago e o almoço eram bifes ensanguentados, aquele sangue todo ali e eu olha, queres ver que vem já a pêra cá para fora, come mas é o arroz, que é o contrário do que dizem os paizinhos e é, em realidade, o que se deve dizer, a carne não dá energia, lá comi uma garfadas, correr, dizia eu, para ir arranjar as unhas, correr de sapatos altos leopardo pelo meio de S. Mamede, correr a maquilhar-me no carro, cheguei, estou pronta, vamos lá à comunhão, e só vos digo, estava mesmo gira, não é para me gabar, mas já que comecei, uau, hot hot, eu gosto de me aperaltar e ser uma senhora de meias e sapatos altos, lá fomos para a igreja, as pessoas cantavam e só passado algum tempo é que me lembrei que não, não é suposto dançar na igreja,
tivesse eu tido tempo e teria contado como a Unobvious Jameson's Party na sexta à noite foi tudo menos unobvious.
Óbvia, óbvia como não podia ser mais. É que isto de whisky à borla é causa para grandes males, digo-vos já.
E até ia contar como dei o click quase logo assim que lá cheguei e como, apesar de ir disposta a beber whisky com sumo de laranja porque com cola é enjoativo, passei a noite de whisky cola na mão, pois se ele tivesse só ficado pela mão não havia grande crise, o mal é que a mão leva à boca e tanto devo ter bebido que a certa altura acabou-se a cola e eu barafustei, que nojo, whisky com sumo de laranja. Mas bebi-o.
E lembro-me da noite toda, lembro-me de como não parei de falar e de como falei de tudo com toda a gente e de como eu própria tinha noção que estava com a pica toda e ai, que ainda digo alguma coisa que não devo, e coitados deles, que paciência para me aturar, e até estava algo envergonhada quando acordei de manhã, mas como os meus amigos e os amigos deles e os amigos dos amigos deles porque sim, estava lá toda a gente, são uns fixes, pensei que não havia stress e eles percebiam, fui a chata da noite, pronto.
Só que ontem à noite contaram-me coisas que eu disse e que não me lembrava.
Nunca mais bebo whisky.