sábado, outubro 29, 2005

"Escrever é um acto inconsciente"

Foi-me recentemente chamada a atenção, by none other than the engenheiro himself, para o facto de não andar a escrever muito. (Ele é assim, chama-me a atenção para as mais variadas coisas, como sejam o tamanho das batatas no Bacalhau com natas.)
E parece que é verdade. Já passaram uns diazitos, já. (Recordo-me agora que nem sequer falei na brilhante viagem a Tomar e suas bebidas coloridas - obrigada, J. -, mas isso fica para outra altura.)

Para o caso de se estarem a perguntar o que quero eu dizer com o título deste post (principalmente se não tiverem adquirido hoje o vosso jornal diário Público, como eu), passo a esclarecer: nada. A Siri Hustvedt é que sim. A razão ("não há razões") do dito, sinceramente, escapa-me. Confesso que adquiri, mas ainda não li na totalidade o jornal de hoje. Por isso não sei o que diz esta escritora casada com o famoso nova-iorquino.

Então o que é que me leva a usar a frase da autora, perguntam vocês. Calma, já sabem que comigo há muito rodeio e palavreado para explicar pouca coisa (distractora, distractora).
É simples. Se escrever é um acto inconsciente (a acreditar nela, e eu acredito), e eu tenho estado consciente do facto de não andar a escrever nada, como é que vocês, estimado público, queriam que eu escrevesse? Exigentes!

A verdade é que não me tenho sentido muito inspirada. Como não aspiro a ser escritora a sério, só de brincadeira, não faz muito mal.
Por enquanto contento-me a ouvir o Manel Cruz e a pensar na chuva e na Suécia. Se se portarem bem e pedirem com jeitinho, eu conto-vos uma história gira sobre isso. Prometem?

quinta-feira, outubro 20, 2005

O post esquecido

Andámos de Santo António, que é a expressão que eu uso para comunicar à família de outras latitudes o evento churrasqueiro.
Andámos de limpezas e stress, a pensar como iríamos meter mais dez nesta casa que já de si é tão curta para dois (mas cheia de amor, olaré), curta felizmente para o fio do aspirador.
Andámos de compras recicláveis, que isto dos pratos de plástico dá-me volta à ecologia, e aproveitámos para completar o ramalhete com talheres e taças, a contar com a sobremesa deliciosa da I. E era de chocolate, o indispensável numa noite de excessos.
Depois de muito pó, fui transpirar para outras bandas (não, eu juro que não tenho comissão nenhuma sobre o banho turco) e relaxar, para ter forças para o stress todo de estar atrasada e ainda ter tanto para fazer antes dos convivas darem o ar da sua graça.
Felizmente correu tudo sobre rodas e com a ajuda de uma bebida, we were ready to entertain! Eu passei a noite de paixão com uma rodela de lima a compôr o ar exótico do copo. O engenheiro teve direito a martini com raspa de limão e tudo, refrescado regularmente durante a árdua tarefa de acender o grelhador (já cheirava a acendalhas no Areeiro) e porque os convivas não chegassem, achámos bem fazer nós a festa.
A casa encheu-se aos pouquinhos, sempre sob a atenta supervisão do casal do prédio em frente, já nos seus pijamas. Estando na varanda, a janela deles fica tão perto que quase se lhes pode tocar, e eu tenho a certeza que eles ouviram toda a nossa conversa.
A festa espalhou-se entre a varanda, para os fumadores, e a nossa sala engrandecida de espaço livre.

Acabámos por não sair, desanimados pela chuva miúda e animados pela diversão de ficar por casa. Foi um santo fora do comum e, por isso mesmo, tão mais saboroso. Foi o primeiro santo que anfitriámos cá em casa e foi tão bom!
Merecedor da recolha póstuma deste post, esquecido na lista dos rascunhos há tempo demais.

O próximo, só mesmo um Magusto. Mas isso são mais conversas de Tomar. Lá chegaremos.

No autocarro

Um casal sentado atrás de mim, a idade já avançada. Pelo meio do barulho infernal do trânsito, ela pergunta "Aquilo onde nós vamos é o quê, um consultório?", ao que ele responde "Uma conservatória?! É uma clínica! Então tu queres ir fazer um exame à cabeça a uma conservatória?".

Deixou-me a pensar qual deles necessitaria mesmo do tal exame. E se fosse ela, não acham que este diálogo só pode ter-lhe feito mal?

quarta-feira, outubro 19, 2005

Traições televisivas: Restart

Com o alto patrocínio das prateleiras da mente.

Terça, 18 de Outubro, 21h30. Programa: CSI. Canal: AXN.
No meio de uma investigação à la Grissom, sempre tão prazenteira, uma mulher é encontrada morta dentro de uma fonte num daqueles bairros de plástico à americana. Pede-se para desligar a fonte e o Grissom, sempre delicioso, desabafa: "Still waters run deep". Os nossos amigos da "Tradutora Comadreja" ou "Traduções do Diabo, Lda." (que eu agora não sei quem traduz aquilo e não me apetece procurar) saiem-se com esta pérola: "Águas profundas fluem rapidamente*".

Falham-me os adjectivos. Já nem os ditados populares sabem?

É claro que isto das traduções mal feitas é um "catch 22" ou, para os nossos amigos tradutores, um "apanha o 22". Eu explico.
Para o comum dos mortais, as más traduções em nada alteram os programas que vêem, porque esses comuns mortais dependem total e absolutamente da tradução para entender o que vêem.
Está bem, eu concedo que, de quando em vez, haja uma frase sem sentido que estraga o episódio todo ou mesmo uma parte crucial do filme, mas isso é raríssimo. (Sou tão cínica.) Assim, eles nem sequer percebem que estão a ser enganados, o que é muito comum no nosso país.

A verdade é que estas anomalias só nos incomodam a nós, brilhantes mentes da linguística e, como tal, não incomodam realmente, porque nós conseguimos ver para além do erro e ainda disfrutar do nosso programinha de mortos por todo o lado e o diabo-a-quatro, como diz a mana.

Ainda assim, é divertido!



*A solução correcta seria "Águas paradas são profundas", como decerto vos terá dito a vossa avó muitas vezes.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Tomar, Cidade dos Templários


Amanhã rumo a Tomar.
Mais propriamente, à Venda da Gaita, segundo me constou.

Bom fim-de-semana para mim!





P.S. Prometo deixar de falar de coisas porcas. Para a semana.

quarta-feira, outubro 12, 2005

É disto que o pobo gosta!

A pedido de quase ninguém, decidi ressuscitar este blog. Ou, como diria o Zé da OTL de S. Mamede, vou ruxitá-lo, que é muito mais giro.
Ora então, também atendendo a numerosos pedidos, vamos lá falar de coisas porcas. Hmmmm... Podia falar do estado da minha casa-de-banho, ou da cozinha, ou até mesmo do monte de roupa suja que combina uma pitada de preguiça com muitos alqueires de chuva, mas não. Não vou falar dessas coisas porcas. Vou falar de outras.

Podia também falar das eleições, das corrupções várias, dos julgamentos deste país e de tantas mais coisas que até mete nojo (há lá coisa mais porca?), mas não. De novo, não. Para já, porque estas conversas nos blogs são sempre pretensiosas, desprovidas de sentido e, regra geral, uma forma de uma pessoa se armar em boa. Além disso, nem todos temos o charme vitriólico de alguns, innit?

(Desconfio que só o prazer de escrever a palavra "porca" já me basta para justificar este post, mas adiante...)

Ora cá vai, então, para os meus ansiosos leitores.

"Porca: fem. sing. de porco;
s. f., fêmea do porco.
do Lat. torquere
s. f., peça metálica, com rosca interior, em que se introduz a extremidade de um parafuso, para o segurar;
espécie de jogo de rapazes."

Já chega de coisas porcas?