sexta-feira, maio 19, 2017

Gosto do ar. Do vento das janelas abertas, que refresca a casa e areja as coisas. De ter portas e janelas abertas e de segurar as portas dos quartos para não baterem, o vento a abanar papéis e a limpar tudo. 

Suponho que seja mais ou menos da terra do vento, da Vila d'Ala de Setembro, desse anunciar de coisas novas. Sem angústia e sem vontade de fazer malas, como a Juliette Binoche no Chocolate. Não. Só coisas boas, limpar e renovar. 

E um gostinho de ver a roupa a secar tão depressa. (Também amo de paixão a máquina da roupa.)

Sonhei contigo

Estavas deitada ao meu lado num sofá largo, a tua pele muito bonita e tu nua como no hospital. Eras muito nova, provavelmente já nem te conheci assim. Apetece-me dizer a essência de ti, pele muito branca e lisinha, cabelo escuro e bem penteado. 

E eu fiz-te festinhas na cara e fui buscar uma meia para tu coseres, de repente estavas de volta e que jeito me dava. Mas não, não estavas de volta. Vieste despedir-te de mim uma última vez e quando percebi que já não voltavas mais, chorei muito. 

Acordei e chorei muito, as saudades e a sensação de perda.

Guardo esta sensação (e choro quando me lembro do sonho) porque me encheu o coração, de um modo estranho. O coração não tem só coisas boas, guarda muitas mais.