Hoje a minha mana faz anos.
Nasceu no ano da Revolução e por isso deve ter-lhe ficado no espírito a energia desses tempos. Ela dá aulas, coordena formações (quando não as dá também), voluntaria-se para acarinhar crianças em instituições, tira cursos de teatro, assiste aos espectáculos do marido e ainda é linda, linda. Mesmo quando não é.
Quando eu era pequena, era ela que me dava banho, penteava o cabelo e cortava as unhas. Era com ela que eu ralhava e esperneava "porque me cortaste esta muito rente, agora dói-me", "ai que me arrepelas o cabelo" e "não quero ir tomar banhoooooooooo".
Era ela que me vestia, muitas vezes, quando eu ainda não o sabia fazer.
Quando fomos viver para o Porto, era ela que cozinhava o almoço, tantas vezes, e que mandava na empregada e lhe dizia o que era preciso fazer. Era ela que sabia que comida havia e o que se cozinhava.
Era ela que me levava ao cinema, mesmo quando estava com o namorado.
Foi ela que, muitas vezes também, me ouviu os desgostos de amor e me disse "vá, agora vai tomar banho [ficou-lhe a mania] e vem connosco ao cinema", depois de eu chorar baba e ranho.
Era ela que me ia buscar ao instituto e era com ela que eu mais saía: íamos às compras, ao passeio, ao laró. Era também ela uma das minhas "motoristas", usada e abusada.
Quando me faltou, já no secundário, fez-me muita, muita, muita falta.
Hoje a minha mana faz anos e eu quero dizer que te adoro, que te agradeço os risos, os ralhos e as conversas e que te desejo todas as coisas boas que tu mereces e sei que vais ter.
E dá-me um sobrinho, already!
Beijos!