segunda-feira, abril 04, 2011

Sexta

Chego a Lisboa com uns escassos cinco minutos para trocar de autocarro e fumar um cigarro. Podia ir à casa-de-banho, que já lá vão mais de quatro horas, mas uma pessoa tem de ter prioridades na vida.
Pergunto ao motorista se já está a sair, responde-me no maravilhoso cantar do Alentejo para onde vou que não, ainda tenho uns minutos. "Vou só fumar um cigarro, venho já, pode confiar." Pára a meio de meter a minha mala no autocarro, ri-se e diz: "Fumar um cigarro?! Ainda se fosse para ir à casa-de-banho, agora fumar um cigarro?!" A casa-de-banho aguento eu bem, digo-lhe já a caminho da porta, e ainda ouço "Ai, estas mulheres modernas...", mas naquela maneira tão linda de falar nada me chateia.
Volto três minutos depois e, ao dar-lhe o meu bilhete, compadece-se de mim: "Do Porto a Lisboa sem fumar, devia vir aflita!". Não tive coragem de lhe dizer que fumei em Fátima.

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