sábado, novembro 01, 2008

As mãos dela no meu carro

Ponho-lhe o carro nas mãos sem hesitar. Ponho-me nas mãos dela com o mesmo despojo, segura-me sempre.
Não há, mas devia haver um parentesco entre irmã e prima.
Irmãs não somos, sorte a dela.
Primas também não, porque somos muito mais.
Sem desprimor para os outros primos, que não há nada de que eu goste mais nesta vida do que a relação de primos.
Primo é um nome carinhoso que se dá a alguém muito próximo que não chega a ser irmão, mas só no sangue. A minha Mãe ser a tia deles e a deles ser a minha é assim como dividir os afectos e multiplicar o carinho sem nunca se perder nada.
Ela é prima-irmã. A distância saudável de prima, a confiança absoluta de irmã.
Às vezes a coisa é mais desprezo inevitável de prima e abuso de poder de irmã.
Nos últimos anos, tem pendido mais para a primeira, felizmente.
É engraçado pensar em alguém que eu ajudei tantas vezes a descer as escadas quando ainda andava a aprender, alguém que comia marmelada como se não houvesse amanhã e que apareceu na nossa vida assim como uma irmã mais nova que não era nossa, e vê-la agora mulher, segura e confidente. Conduz o meu carro quando eu não consigo.
Invertemos os papéis. De vez em quando.

2 comentários:

  1. Estou comovida com esta pequena homenagem à prima-irmã "que apareceu na nossa vida assim como uma irmã mais nova que não era nossa".

    "A minha Mãe ser a tia deles e a deles ser a minha é assim como dividir os afectos e multiplicar o carinho sem nunca se perder nada."

    Lindo, lindo, lindo, LINDO, e RELINDO este texto!

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  2. A retaliação justa a este teu comentário:
    Oh, Paulinhaaaa!
    ;)

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