terça-feira, novembro 18, 2008

Ainda não eram oito da manhã

quando cheguei ao mais posh complexo de prédios do Porto.
A gente rica sai cedo de casa, posso assegurar. E são bonitos, pá!
A última vez que estive ali com o intuito de entrar foi há seis anos, razão pela qual me amaldiçoei por não ter perguntado ao irmão o andar pretendido.
Descobri sozinha, sabe-se lá como.
Entrar naquela casa é como entrar num hotel, o terraço maravilhoso banhado da (inesperada) luz do sol, as 300 salas e salinhas que se percorrem para chegar ao destino, a mesa do pequeno-almoço estrategicamente colocada ao lado de uma janela enorme e quente.
Ela abriu-me a porta lá de baixo, ele veio receber-me.
Sem planear, depois do beijo único de condição de posh adquirida há uns anos, abracei-o sem rancor.
O meu tio, que eu não via há seis anos, está quase cego e usa o olho bom para me ver a cara.
À falta de reconhecimento visual, reconhece-me a voz e diz que pareço a minha irmã.
Pergunto-lhe como faz a vida dele: tem motorista, ainda vai trabalhar todos os dias e, nos sítios que conhece, movimenta-se bem, mas já não sai à rua sozinho.
Antes que (me) perguntem porque não o via há seis anos, a resposta é muito simples: há muito tempo que decidi não me dar com pessoas de quem não gosto.
Depois levei a prima mais deliciosa ao aeroporto, contive as lágrimas, e devolvi a tia e prima que sobram até sábado à casa do tio posh.

7 comentários:

  1. Parafraseando a Dani: você é mesmo uma figura, viu? Comoveste-me.

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  2. mas queima o rancor que isso mata ;-)

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  3. Tens de voltar a usar óculos.

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  4. Qual rancor? E antes de se queimar tem de se digerir. Como o claroescuro recusa reconhecer os pps sentimentos, ha que ler este "queimar" com o sentido de "enterrar" (a cabeca na areia, como a avestruz). Nos eh soh sentimentos puros e nobres, nao eh? Denial is a big river in Egypt. E depois a cabeca eh que paga.

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  5. não, estava mesmo a referir-me ao MEDO de enfrentar situações, era isso...

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  6. Ahahahahahah!! Medo? Mas qual medo?
    Este era bom demais para censurar.
    Nem devia dar-me ao trabalho, mas deixa-me ver se percebi: não gostar de alguém e admiti-lo, sendo consequente e não vendo a(s) pessoa(s) deliberadamente (ou hipocritamente, poderia dizer), é rancor.
    Não gostar da perspectiva de ter de estar com pessoas de quem não se gosta e com quem não se tem nada em comum, nem sequer para falar, é medo.
    Que confusão pr'aí vai!

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  7. Ena, seis comentários? Recorde absoluto no IstoÉdaJu! Este deve ser um dos tais temas fracturantes de que tanto se fala. :-)

    Sem nos pormos aqui a lavar "the dirty laundry" da família, gostava de saber se o claroescuro acha que nós, os que não desejamos mal nenhum a esse senhor mas preferimos não andar a fingir que gostamos dele nem gastar energias a desenvolver relações de fachada, temos todos medo dele - incluindo o primo presidente da junta, que lhe aturou poucas e boas e ficou vacinado para o resto da vida. Dai-me pachorra...

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