Reconhecia um hospital psiquiátrico em qualquer parte. (Mesmo visto do autocarro, o Júlio de Matos é igual ao Magalhães Lemos.)
Os jardins de consolo, as pessoas sentadas nos bancos, à volta de uma parte de si que por ora não têm. Ou que visitam uma vez por semana, ou por mês.
E a noção de que não somos diferentes, achamos que nos distinguimos porque estamos lá todos os dias, levamos comida e roupa limpa passada a ferro, penteamos-lhe o cabelo e secamos as lágrimas dos primeiros dias, mas somos todos iguais, iguais mesmo aos que só vêm uma vez por mês.
E aqueles jardins que não servem para nada, para nada, não consolam, não ajudam, não protegem sequer do sol, muitas vezes. Mas que horror seria se não estivessem lá, se não houvesse por onde dar voltas infindáveis, terapia de apoio, a realidade sempre a ser agarrada.
E quando finalmente chega o dia de ir embora, agradecemos os jardins e os bancos e o consolo, mas agradecemos principalmente nunca mais termos de estar neles.
Fiquei "speachless" com o teu texto!
ResponderEliminarE só me apetece dizer "pouco, mas bem", que é o mesmo que, antes assim do que escrever muito e não dizer nada! Como algumas arrependidas que pela blogosfera pululam!
Beijo
Exactamente...
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