terça-feira, novembro 08, 2005

Previsível

A crise instalara-se no cesto da roupa. Uma montanha que parecia não ter fim e a chuva lá fora. Por entre abertas mais ou menos estáveis, a máquina lavou uma, duas, três, quatro vezes. No decorrer de uma semana e uns dias, a crise foi combatida e a paz instaurada de novo. Exceptuando... aqueles últimos resquícios de roupa, pouca ainda para uma lavagem.
Entretanto, substitui-se o fio do estendal, que por ser de plástico por fora, estava bom para ir para o lixo. Um novo e resistente fio de inox é colocado, apertado, estendido e preparado para receber roupa, venha o que vier.
Ela (é sempre ela que faz estas coisas) adia a tal máquina, espera por mais roupa. Espera e adia. Adia e espera. Os dias de sol sucedem-se, ventosos, magníficos na arte de bem secar roupa.
Quando reúne o quórum necessário, ela planeia mentalmente pôr a máquina a lavar, enquanto olha distraidamente para o céu.
Está a chover.

1 comentário:

  1. Em casa somos só 2, o meu filho de 10 anos e eu, como imagina tenho q tentar acumular roupa para encher a máquina mas tenho sempre um ritual, ou talvez seja hábito..fico a olhar para o horizonte..lá ao fundo está a Ria Formosa..não se percebe mas está lá..não sei nunca ao q estou olhando...talvez procuro algo diferente nessa paidagem sempre igual e quando dou por mim caio na realidade e lá vou estender a roupa...depois (sempre) entro em casa e nem me lembro q fiz o meu "ritual". Que engraçado..li o seu texto e associei com esta situação que nunca tinha pensado. Gostei ler.lhe. Besitos Calathea

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