quarta-feira, janeiro 15, 2014

Ai

Dói-me tudo. (Um dia, daqui a muitos meses ou muitos anos, dependendo disto correr bem ou só benzinho, vou-me rir muito destes posts e é para isso que os escrevo, para me rir muito, porque agora só tenho vontade de chorar.)
Dói-me a vontade que tenho de fumar e os pensamentos de drogada que procura um momento solitário para fazer uma coisa às escondidas, hoje de manhã tirei o maço de tabaco da carteira porque estou farta de o carregar para todo o lado e se calhar foi disso, não tenho maneira de saber, mas fora segunda-feira, hoje foi o dia mais difícil até agora. Hoje foi o dia mais difícil, segunda-feira incluída.
Tenho vontade de fumar e estou triste e a tristeza dá-me ainda mais vontade de fumar e isto para quem não luta contra um vício é certamente ridículo, mas estou triste como se tivesse perdido um amor e agora não lhe posso ligar, não o posso ver, mas eu ainda gosto dele e vou ter de viver o resto da minha vida assim, sozinha e incompleta, porque aquele bocado me falta. A analogia, perfeita, é do meu Pai, que também está a deixar de fumar, porque acha que se não deixa aos 68, vai fumar a vida toda, disse ele à minha irmã, que também está a deixar de fumar - somos portanto uma família muito mal-humorada e triste.
(Tenho energia a rodos e ando muito cómica e divertida, segundo consta, mas à noite custa-me muito e só não choro a noite toda porque depois fico com olhos de texugo, já vou ficar de certeza, que já chorei um bom bocado enquanto a minha irmã me tentava dar força ao telefone.)
Não me interessa o resto que se passa na minha vida, sim, gosto muito da Salsa, salvou a minha sanidade mental na segunda à noite, mais o que não me apetece contar, mas que foi bom, Janeiro de 2014 vai ser sempre o mês em que tentei deixar de fumar. Tentei, tento, continuo a tentar. Amanhã é mais um dia.
Preciso de ir correr e devia haver uma licença para fumadores que decidem não fumar, porque fazer isto e ter de trabalhar raia a crueldade.
Entretanto, tenho a estante da sala finalmente montada e não toquei num único parafuso. Ia dizer que não são efeitos secundários de não fumar, mas com um bocadinho de jeito consigo demonstrar por A mais B que são sim senhora, que eu agora bebo mais (de fumadora a alcoólica, dai, Joana, dai) porque tenho mais tempo e porque estou a tentar afogar a puta da vontade, o que me leva a fazer coisas que nunca in a million years, eu?, devem estar a brincar, e isso tem como consequência não planeada, mas muito agradável, ter a estante montada.
Deixei de fumar e fiquei com a estante montada. Dava um livro.

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