sexta-feira, julho 02, 2010

Falhada

Penso muitas vezes que devia ter feito mais, estudado mais, estudado outra coisa, outras coisas, procurado mais, diferente, especial. Depois apercebo-me que desde o início desta novela de mau gosto a que chamam vida adulta, há pelo menos 11 anos atrás, o problema foi sempre o mesmo. Sei demais, estudei demais, aprendi demais e fiz demais. Seja para o que for, acham que tenho qualificações a mais (isto é ridículo!), capacidades a mais, talento demais. Dizem-me que as empresas não querem contratar gente talentosa. As empresas querem gente medíocre, a meio gás, assim-assim. Tenho muitas amigas e amigos muitíssimo talentosos, capazes e inteligentes a trabalhar, felizmente, ainda que grande parte deles (ou todos) não sejam tão apreciados como deviam ser. Mas também tenho amigos que não o são, não são assim tão talentosos, assim tão inteligentes, assim tão bons. E esses são provavelmente os mais bem empregados, os que têm mais segurança. As empresas, pelos vistos, querem gente que mesmo depois de um curso superior não sabe escrever a língua que anda a aprender desde que nasceu, gente que não tem um mini ataque cardíaco quando escreve "se eu tive-se um cérebro a funcionar". Querem gente que não tem raciocínio desenvolvido, gente que chama à profissão "serviço" e diz "lá no emprego". Gente que, pelos vistos, nem sequer sabe o que lá anda a fazer.
Eu acho sempre que devia saber mais, devia ser mais inteligente, devia conhecer mais. Desconfio que ando enganada. Não sei se é o cansaço do sprint final, daqui não consigo ver a meta.

Sem comentários:

Enviar um comentário