A minha Mãe diz que entrou em trabalho de parto às 8h da manhã, não me lembro se eram contracções ou se lhe rebentaram as águas. Fazia muito calor, como é suposto em Trás-os-Montes a meio de Julho, e o meu Pai queria ver se eu ia (vinha) nascer ao Porto, como o meu irmão. Ao quarto filho, em trabalho de parto há algumas horas, muitas delas numa estrada infernal que serpenteava de Mogadouro ao Porto, a minha Mãe mandou-o parar e eu nasci pouco depois, com apenas "dois puxos", numa das maternidades de Mirandela. (Não sei qual, mas agora também não faz diferença nenhuma, que estão as duas fechadas. Eu não votei no gajo!)
O meu Pai diz que na noite anterior decidiu ir dormir a casa, depois de muitas viagens de trabalho pelo país fora, não fosse "o crianço" querer nascer. Diz que chegou noite dentro e acertou. Pelo sim, pelo não, foi mudar o óleo ao carro antes de levar a minha Mãe para me ter, "porque tinha feito muitas viagens e queria estar seguro". Demoraram duas horas a sair de casa, depois do primeiro sinal de parto. Chegados a Mirandela, o meu Pai raciocinou: ora eu estou cheio de fome. Se correr mal, aguento melhor de estômago cheio. Se correr bem, tanto melhor, já estou almoçado. E foi almoçar, enquanto a minha Mãe tinha (mais) uma filha dele. Passado alguns anos, para se redimir, pregou-me a cama nº 2 da Aval de Cima, que se tinha partido.
Eu devia estar totalmente ganzada e out of it, porque não me lembro de nada. Nasci num dia perfeito, à hora perfeita: 13h45.
Well, you're perfecty perfect, too.
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