Estava na casa de outra pessoa e eu já tinha perdido duas ou três semanas da vida dela. Cheia de cabelo muito escuro, tinha a minha cara de quando eu era pequena. Horrorizava-me que lhe dessem leite de lata, mas eu nunca a tinha amamentado.
Oscilei entre a vontade de nunca mais a largar e a amnésia temporária de a saber minha. Fui ao café comer qualquer coisa, de maço de tabaco na mão, e só quando lá cheguei me lembrei que não podia deixar uma bebé de duas semanas sozinha em casa. Voltei a correr.
Calculei a minha vida a partir dali, ela dava-me o berço da C., onde é que íamos dormir?, eu trabalhava em Lisboa e pensava se era possível ser mãe ao fim-de-semana. Não cheguei a conclusão nenhuma, porque depois acordei.
O meu subconsciente é tão esperto.
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