que digo eu?, manhã de domingo, depois de noite inteira acordada a ver filmes e a falar, sair às 7h de casa porque um café antes de ir dormir é mesmo a coisa a fazer, afinal foi croissant prensado com manteiga, perdão, queimado, e leitinho de chocolate, os bêbedos da noite a arrastarem-se e eu e ela de óculos escuros porque sol demais, as ruas cheias de copos de plástico e o ar gelado a acordar-nos para dormir,
na manhã de domingo vi o fenómeno mais fantástico da minha vida, acho que estive dez minutos para perceber que sim, era possível eu estar a ver aquilo, depois de cinco minutos a habituar-me à luz, o antibiótico não dá moca, era a sério,
na manhã de domingo estive dentro de uma máquina fotográfica. A luz entrava no quarto dela por um buraco redondo nas portadas e na parede branca viam-se as casas e os telhados da rua reflectidos da esquerda para a direita e de pernas para o ar.
E depois estive mais dez minutos a pensar na ironia de não se poder fotografar o interior de uma máquina fotográfica.
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