Vilarinho das Furnas era uma aldeia fechada em si mesma, como o são todas as terras chamadas Vilarinho.
As pessoas de Vilarinho das Furnas viviam entre si, nasciam e morriam entre si e, desconfio, também casavam entre si. Tudo o que se fazia ou dizia em Vilarinho ficava com as pessoas de lá. E resolvia-se entre elas.
Por isso, quando a notícia da água chegou, a água que mata e afoga e destrói por comando e por decreto, saiam das vossas casas de toda uma vida ou mesmo de duas ou três, que nós vamos deitar água nisto tudo, as pessoas não fizeram a trouxa e pediram abrigo às aldeias vizinhas.
Desapareceram. Sem rasto nem fumo.
Há quem diga que fugiram, outros dizem que nem disso tiveram tempo - com a chegada da água ou da autoridade que a queria impor. Também podem simplesmente ter emigrado para a vizinha Galiza ou ido para mais longe, em manada ou cada um por si.
Onde estão, quem são, quem os viu sair, ninguém sabe.
Eu cá acho que as pessoas de Vilarinho das Furnas disseram simplesmente:
Vou pra cima!
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