quinta-feira, dezembro 11, 2008

Era uma vez um senhor que apanhou um pifo

Este senhor, reformado, bom homem, discutiu com a mulher e apanhou um pifo.
Por pirrice, em vez de ir para casa, vagueava pelas ruas do Porto, que conhece como as palmas das mãos.
Por pirrice, em vez de ir para casa reconciliar-se com a mulher que ama, vagueava pelas ruas até que viu uma carrinha. De dentro dessa carrinha saíram pessoas, jovens, uma mesa, panelas e pratos e comida quente.
À frente da mesa num instante montada, as pessoas alinhavam-se para receber um prato de comida quente.
O senhor, reformado, bom homem, que tinha discutido com a mulher e depois apanhado um pifo, chegou-se às pessoas que serviam a comida e perguntou o que faziam. Nunca tinha visto uma coisa assim.
O senhor, reformado, bom homem, com um pifo, emocionou-se tanto com o que viu que perguntou às pessoas que serviam a comida se aceitavam donativos.
O senhor, reformado, bom homem, zangado com a mulher, deu duas notas de 10 euros à rapariga que servia o esparguete, perguntando apenas se lhes dava jeito o dinheiro.
O senhor, reformado, bom homem, zangado com a mulher, com um pifo, chorou um bom bocado enquanto continuava a ver a comida e as pessoas e os jovens.
E depois nós fomos agradecer, novamente, a generosidade deste senhor, reformado, bom homem, que ficou genuinamente emocionado com o que fazemos todas as quartas.

1 comentário:

  1. É lindo, este post, e não aceites que ninguém te diga o contrário. Isto agora a moda na blogosfera é sermos todos muito cool e sarcásticos, mas aqui a je não vai em modas e prefere os teus posts sentimentais. Ou isso ou estou naquela altura do mês...

    ResponderEliminar