O Goura é pequenino e algo mimado.
As pantufas são maiores que a cabeça dele e o pijama sobra-lhe nos braços e nas pernas.
Sabe bem dar comida quente - já está frio, um vento gelado, e a meio dos pratos no Carregal tive de pedir que me trouxessem o casaco.
Enquanto elas jantam, eu tiro o esparguete da última panela e ele passa lá fora na varanda, vindo da casa-de-banho, e dá vontade de pegar ao colo. Ele não gosta que lhe peguem ao colo, a não ser que sejam homens.
A maior parte deles não vive na rua, felizmente, mas sei lá se as casas ou quartos onde dormem não são igualmente desabrigados.
O Goura é pequenino e magrinho, mas não lhe falta comida. Tem mimo que chegue para muitos e apesar de não gostar muito de mulheres (o dia virá em que ele muda de opinião... ou não), dá-se bem com todas.
Às vezes chateia-me que sejam implicativos e resmunguem e reclamem, mas chateia-me mais quando não podemos dar, não temos, não chega.
O Goura faz vozinha ainda mais fininha e a Mãe faz-lhe as vontades todas. Às vezes passa-se e não quer comer a sopa ou começa a fazer de tudo bateria e quase nos põe surdas.
Hoje esfregaram-me as costas enquanto eu montava a mesa em S. Bento, mas quando olhei para trás não era a M. ou a S. ou a outra M. - era um dos nossos clientes. Se calhar estava a limpar a mão e a minha camisola preta pareceu-lhe apropriada, não sei.
O Goura come cereais dos que trazemos do Banco e iogurtes e nestum's líquidos e fruta.
Eu a carregar comida para o menino e nem um beijo me dá.
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