domingo, setembro 28, 2008

Tive um carro, perdi-o

Só estou a dormir há duas horas quando recebo a chamada.
Eu: Onde estás?
R.: Onde estás?
Eu: Em casa, onde é que achas?
(Sim, tenho mau-feitio ao acordar, principalmente quando me deito tarde preocupada com ele e depois me acorda com perguntas brilhantes em vez de vir para casa.)
R.: Estou em Cedofeita... olha... o teu carro não está no sítio.
Eu: O quê??
(Dei-lhe a chave no Piolho ainda cedo para ele se ir embora, como é que isto aconteceu?)
R.: Não sei, Joana, o carro não está no sítio onde o deixámos. O senhor do café (qual café?, mas tenho muito sono) diz que se calhar a polícia o rebocou.
Eu: ... Vem para casa.
Adormeço outra vez à espera dele, acordo quando vem ao meu quarto. Repetimos a conversa.
Passo meia-hora em agonia na cama. Entre o sono mortal, o cansaço, a angústia de ter ficado sem carro, a fúria, mas a culpa não é dele, será que deixei um vidro aberto, será que a seguradora me dá outro sabendo que estava numa viela, ai, a música toda, perdida, fiquei sem música, coisas difíceis de voltar a conseguir.
A última coisa que me apetece é passar a manhã de Domingo na esquadra da polícia, começo a desejar que me tenham rebocado o carro.
Decido que tem de ser e levanto-me com uma esperança: uma falha na descrição da noite.
Vou ter com ele à cozinha onde está a beber cola e a cozer o feijão para o almoço, de directa. (É bem feita.)
Mas afinal, digo-lhe, onde andaste toda a noite? (Não sou mãe dele, mas ele perdeu-me o carro!)
Conta-me.
- Não mudaste o carro de sítio?
- Não... Ah, espera! Fui levar o E. a casa!
Começa a rir.
- Já sei onde está o carro, está na Rua da Picaria.
Grito-lhe convenientemente, saio para me vestir e aproveito o sol lindo de Domingo de manhã.
O metro deixa-me na Trindade num instante e quando subo a rua onde está (estará?) o meu carro, vejo-o. Lindo.
Nem no Sudoeste fiquei tão contente ao ver o meu carro!
E é por estas e por outras que vou morrer cedo de coração esgotado.

1 comentário:

  1. Big LOL!

    Tive uma memória, perdi-a - ai, quem me a dera encontrar! Presa no fundo dos copos, ou afogada no haxe...

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