quarta-feira, agosto 06, 2008

A poucas horas

da minha última distribuição de Agosto, registo a da semana passada.
Tivemos a companhia dos miúdos espanhóis que passavam férias com a família do restaurante.
Não tiveram muita sorte com o dia, era a última quarta-feira do mês, dia de jantar especial por trás da Câmara Municipal, e por isso tínhamos poucos "clientes".
Ainda assim, pude apresentar-lhes o Sr. Fernando, cujas razões para não ir ter connosco à carrinha fiquei a conhecer.
"Não gosto de me misturar com aquela gente", disse-me.
Eu, que já vou habituada a tudo, encolhi os ombros e pensei 'tá bem.
Voltámos para levar mais um prato a um segundo senhor que dormia ao lado do Sr. Fernando, um que se dizia cunhado dele (não era) e que se queixava de gangrena na perna (não me pareceu, mas eu não sou médica...).
Por esta altura os miúdos deliravam e queriam dar comida a tudo o que mexesse. Perseguimos um sem-abrigo porque eles queriam à viva-força dar-lhe de comer, só desistiram quando ele se foi embora e vimos metade do hamburguer do jantar no chão. Mal empregado.
Vieram connosco ao Carregal e ajudaram a transportar os quatro pratos de comida, copos de sumo e pacotes de bolachas que levávamos pela lógica "dois no Sto. António, dois na Rua da Restauração". Saíram-nos furadas as contas e acabámos por só entregar dois pratos.
Felizmente o Sr. Manuel arranjou umas calças novas, de ganga, que ainda não deve ter tido a oportunidade de rasgar, pelo que não houve nada ao léu para ninguém.
Os miúdos faziam toneladas de perguntas e pediam-me para perguntar em português tudo o que queriam saber. Foi assim que soube do Sr. Fernando e foi assim que soube que o Sr. Manuel perdeu a perna porque o atropelaram.
Falei espanhol que me fartei, aprendi novas palavras (que acho que já esqueci) e percebi que ser babysitter de 5 putos com idades entre os 8 e os 14 anos é dureza. Felizmente o pai levou-os para casa e nós fomos para o Aleixo mais descansados.
No Aleixo, como sempre, estava tudo muito agitado, nervoso. Valeu o "trabalhador", o que fica à coca da bófia e grita uma palavra de aviso quando ela aparece, que nos fez rir a todos.
Continuamos a ser imensos, mas desta vez pude servir pratos.
Eu gosto de servir pratos.

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