quarta-feira, julho 16, 2008

Morrer aos 27

Depois de duas horas a ouvir que já não ia morrer como os grandes, eis que a filha se lembra que dado que não era meia-noite, ainda me podia dar uma coisinha má e lá ia desta para melhor.
Para a sala do Kurt Cobain, provavelmente.
Confesso que cheguei a recear pela minha vida, mas ela assegurou-me que seria incapaz de me matar. Física e psicologicamente. Aliás, ela não é violenta.
Depois do jantar, fumo no terraço.
Quando faltavam 10min para a meia-noite, e porque a minha prenda não foi só um vestido giríssimo, disse-lhe para se calar com aquilo que ainda me caía um piano em cima. Como nos desenhos animados.
A partir daí ela começou a imaginar maneiras de eu morrer nos 10min seguintes ali no terraço.
A saber:
1. terramoto que me engolia (esta fui eu)
2. bala perdida (curva, como no filme da Angelina - e depois ela ficava como a Angelina, etc, etc)
3. o meu irmão fartava-se de nos ouvir às gargalhadas, abria a janela para nos mandar calar, batia-me com a portada, eu caía para trás e partia o pescoço (a mais elaborada, note-se).
E outras variações do mesmo tema.
Primeiro foi atacada por peso na consciência, ai, se tu morresses agora eu suicidava-me, ficava traumatizada. Rapidamente passou ao "olha, não te queres suicidar? era mais fácil".
Quando finalmente chegou a meia-noite, logo a seguir aos Parabéns, "Toma Kurt, já não ficas com ela!"
E para mim: "não te preocupes, ficas com o Manoel de Oliveira".
Melhor desejo de felicidades que se pode ter!

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