Há mais ou menos 6 meses atrás, eu tinha muito sono e dormia assim que chegava à cama, deitava-me muito cedo.
Depois acordava todas as noites às cinco menos um quarto, 5 - 1/4, sempre, sempre, não importava a que horas me deitava.
Às vezes chorava, outras ficava só a pensar. Às vezes chorava logo ao acordar, ou acordava a chorar, não conseguia distinguir. Outras vezes ficava a pensar e o choro chegava depois, forte, abalador, deixava-me exausta. Outras vezes ficava só a pensar e voltava ao sono sem chorar.
Acordei na Ericeira, mesmo depois da massagem de relaxamento que salvou a minha sanidade mental, eram cinco menos um quarto e eu abri a janela do meu quarto de casal ocupado só por mim no quinto andar e senti o frio da noite e tirei fotografias ao mar nocturno, lindo e escuro.
Acordei no Luxemburgo e não chorei, sentei-me na cama e pensei.
Também chorava durante o dia, normalmente no carro, principalmente ao chegar a casa. Bastavam pequenos triggers, uma imagem, o carro dele estacionado, o telefone a tocar.
Pensei que não era possível conduzir a chorar mas lá ia eu, rotunda, túnel, semáforos, saída, ruas, ruas, entrada, estacionamento, desliga o carro.
Há mais ou menos 6 meses atrás eu chorava no trabalho e tentava esconder sem muito sucesso.
Chegava de manhã com ar de texugo, os olhos inchados, o sono mal dormido a cansar-me.
Há mais ou menos 6 meses atrás não podia enfiar-me num quarto e chorar até não ter mais lágrimas, chorar dias a fio, por isso, há mais ou menos 6 meses atrás, fui chorando aos bocados.
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