A casa é grande e tem muitos quartos, mas a cozinha é o centro de tudo.
A mesa acolhe-os a todos, cada um com o seu feitio e vida, cada um vindo de seu canto, cada um com a sua própria família.
É inverno, deve ser Natal.
Eles vão chegando e o frio da rua desaparece no momento em que passam a porta grande.
O calor, os cheiros, os sons.
Deve haver crianças, não sei. Se calhar não.
Só eles são mais de 9, talvez 10.
Falam alto e atropelam-se muito uns aos outros, é claro que há zangas, mas há sempre reconciliação - há alegria.
A lareira nas costas da mesa, o jantar servido.
Entre os irmãos, o humor e a cumplicidade de sempre.
Às vezes também é Verão e aí a cozinha perde protagonismo para o jardim das traseiras, onde há sombra e árvores e crianças, afinal há crianças, a brincar e a pedir mimos.
Há sumos frescos em jarras bojudas e pesadas e todas as refeições parecem piqueniques.
Alguns aborrecem-se, claro, lêem-se livros e rabuja-se, mas dão-se grandes passeios, visitam-se as vacarias da família, à noite há sempre filmes e rambóia até às tantas.
O tempo passa devagar, mas depressa é hora de partir novamente.
Por muito longe que estejam uns dos outros, regularmente voltam à casa partida para receber dois mimos e recarregar o núcleo.
A minha família idealizada é um livro da Anita.
Por incrivel que pareça, também gostava de ler os livros da Anita (bem, ao menos era colecção da minha irmã). Agora consigo perceber de onde vêm alguns arquétipos :)
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